Pensar a Gambiarra como estética e assim, refletir sobre os modos de fazer e produzir para a cena. Partindo do ponto de vista de que os procedimentos na produção de uma gambiarra não se limitam a cumprir ou executar, mas dialogar, não apenas com as coisas, mas também através das escolhas feitas dentro da precariedade e das possibilidades que se abrem a partir do repertório e da vida do criador.
Quando apontamos isso é para propor uma forma de incentivar um pensamento criativo aberto. Que exercita e se move pela experimentação e o improviso. Sem deixar de lado a experiência de cada criador que é convidado a colocar sempre alguma coisa de si na gambiarra. Nos procedimentos da gambiarra, o caminho é prático e retrospectivo: é preciso recorrer a um conjunto já constituído, uma coleção formada por ferramentas e materiais; tomar ou reexaminar o seu inventário; envolver-se em uma espécie de diálogo com os índices antes de escolher, entre eles, a possível resposta que o conjunto pode dar ao seu problema.
Aquele que produz a gambiarra interroga todos os objetos heterogêneos que constituem o seu tesouro, e deve perguntar o que cada um poderia significar, contribuir para o reconhecimento de um conjunto a ser realizado pela experimentação e pelo improviso. No embate da mão com a matéria abrimos mundos imprevistos e ao mesmo tempo vamos consertando o mundo e o reinventando.