Com Alexandre Dal Farra e Guillaume Durieux | Mediação Beatriz Sayad
Esse painel reúne três artistas que se desdobram entre direção, atuação, escritura e tradução. Guillaume Durieux ator e diretor francês montou recentemente a peça Abnegação de Alexandre Del Farra em Paris. Alexandre é também o tradutor da peça Eu carreguei meu pai sobre meus ombros do autor francês Fabrice Melquiot, e a mediadora Beatriz Sayad, além de atriz e diretora, traduziu Cachorro Morto na Lavanderia de Angelica Lidell, ambos pela Editora Cobogó.
Uma conversa sobre o conceito expandido de tradução que envolve não só o idioma mas também a ideia da transposição de um espetáculo para um contexto diverso do qual foi criado.
![](https://brasil-cenaaberta.org/wp-content/uploads/2020/11/Guillaume.png)
Guillaume Durieux
Guillaume Durieux nasceu em 1975 em Lille, no norte da França. Estudou na Escola Nacional de Teatro de Estrasburgo, é ator, diretor, autor e professor. Como intérprete, trabalha desde 2001 com diversos diretores franceses. Foi diretor do Groupe Incognito, um coletivo de artistas francês. Escreveu e dirigiu dois espetáculo para o Théâtre Dromesko, que foram apresentados em toda a França. É professor de teatro do Cours Florent (Paris). Em 2020 estreou a obra Abnégation, de Alexandre Dal Farra, no Théâtre Monfort, em Paris. Conheceu Dal Farra no Summer Monsoon, Festival Internacional de Escrita Contemporânea, em 2018.
![](https://brasil-cenaaberta.org/wp-content/uploads/2020/11/WhatsApp-Image-2020-11-23-at-17.26.09.png)
Eu carreguei meu pai sobre os ombros
Livremente inspirada em vários cantos da Eneida, de Virgílio, “Eu carreguei meu pai sobre meus ombros” narra, à maneira de uma epopeia, a trajetória de Roch, um homem pobre que acaba de descobrir que está com câncer e a quem só resta um mês de vida. Estamos em novembro de 2015, na madrugada dos atentados ao Bataclan, em um bairro da periferia de Saint-Étienne, em Paris. É quando Roch dá a notícia a seu lho, Énée, a sua namorada, Anissa, e a seu amigo de toda a vida, Grinch, dizendo ainda que gostaria de viajar a m de morrer em uma região distante, ou por ele desconhecida, negando-se a começar um inútil e sofrido tratamento por quimioterapia. A fábula, ao mesmo tempo cômica e desesperada, traça de maneira comovente a jornada de um quase moribundo rumo a um lugar imaginário. Mais que da morte em si, a peça fala de amizade e humanidade ou, ainda, segundo as palavras do autor, “de aceitação da vida, plena desta energia inerente ao desespero”.
Sobre o autor Fabrice Melquiot (Modane, 1972) ganhou o Prix Théâtre da Academia Francesa em 2008. É um dos autores mais profícuos de sua geração: escreveu mais de cinquenta peças, todas publicadas pela editora Arche. Traduzidos em várias línguas, seus textos são muito encenados na França e em países como Alemanha, Grécia, México, Estados Unidos, Chile, Espanha, Itália, Japão, Canadá e Rússia. Sabendo captar sobretudo as aspirações da juventude e da adolescência, sua escrita é um canto de amor pela alteridade, no qual as descobertas se impõem com força e energia. Desde 2012, é diretor do Théâtre Am Stram Gram Genève – Centre International de Création et de Ressources pour l’Enfance et la Jeunesse. Entre suas peças mais notáveis estão Le diable en partage, Marcia Hesse, Page en construction e 399 secondes.
Tradução Alexandre Dal Farra.
![](https://brasil-cenaaberta.org/wp-content/uploads/2020/11/Alexandre-Dal-Farra.png)
Alexandre Dal Farra
É dramaturgo, diretor e escritor. Indicados e vencedores nos principais prêmios brasileiros, seus textos foram apresentados em todas as regiões do país e também no exterior, sob sua direção, assim como em parceria com outros diretores. Dentre as 19 peças de sua autoria, Trilogia Abnegação (2014-16) foi publicada em 2017 pela Javali e Abnegação 1 saiu no mesmo ano pela editora francesa Les Solitaires Intempestifs. É doutorando em artes cênicas na Universidade de São Paulo (ECA-USP) e em 2013 publicou o romance Manual da destruição pela Hedra.
![](https://brasil-cenaaberta.org/wp-content/uploads/2020/11/Cachorro-morot-na-lavanderia-os-fortes.png)
Cachorro morto na lavanderia: os fortes
Na peça “Cachorro morto na lavanderia: os fortes”, a premiada dramaturga Angélica Liddell ressuscita o gênero apocalíptico da política-ficção em um texto que nos permite refletir sobre as experiências totalitárias e é capaz de entrever as catástrofes rumo às quais o homem caminha. O texto, traduzido por Beatriz Sayad, tem em seu cerne um fragmento do Contrato Social, de Rousseau, e mergulha em discussões insólitas sobre a decadência — ou a catástrofe — das premissas sobre as quais se constroem o pensamento iluminista-ocidental: liberdade, igualdade, fraternidade, justiça e racionalidade.
Sobre a autora Angélica Liddell (Figueres, Girona, Espanha, 1966) é dramaturga, atriz e produtora. Em 1993, criou a companhia Atra Bilis Teatro. Recebeu diversos prêmios, entre eles o Prêmio SGAE de Teatro 2004 por Mi relación con la comida; o Prêmio Ojo Crítico Segundo Milenio 2005 pelo conjunto da obra; o Prêmio Notodo do público na categoria de melhor espetáculo de 2007 por Perro muerto en tintorería: los fuertes; o Prêmio Valle-Inclán 2008 por El año de Ricardo; e o Prêmio Sebastiá Gasch de Artes Parateatrales 2011. Suas obras foram traduzidas para francês, inglês, romeno, russo, alemão, polonês, grego e português, e suas últimas peças, El año de Ricardo,La casa de la fuerza, Maldito sea el hombre que confía en el hombre e Todo el cielo sobre la tierra (El síndrome de Wendy), foram montadas no Festival d’Avignon, no Wiener Festwochen e no Théâtre de l’Odeón de Paris. Em 2012, recebeu o Prêmio Nacional de Literatura Dramática por Casa de la fuerza, e em 2013 ganhou o Leão de Prata da Bienal de Teatro de Veneza.
Tradução Beatriz Sayad.
![](https://brasil-cenaaberta.org/wp-content/uploads/2020/11/Beatriz-Sayad.png)
Beatriz Sayad
Beatriz é autora, atriz, diretora e tradutora, formada em Letras pela PUC – Rio. Desde os 18 anos integra a companhia suíça Teatro Sunil (atual Cia Finzi Pasca), com a qual colabora até hoje. No Brasil, atuou como palhaça em hospitais nos Doutores da Alegria e na Companhia Teatro Balagan, sob direção de Maria Thaís. Cursou, na França, a Escola Internacional de Teatro Jacques Lecoq. Desde 2010 volta a atuar na Compahia Finzi Pasca nos espetáculos Donka uma carta a Tchekhov (2010), La Veritá (2013) , Per Te (2016) em turnê por mais de 20 países. Traduziu, entre outros, O Teatro da Carícia, de Daniele Finzi Pasca (SESI); Cachorro Morto na Lavanderia, de Angelica Liddell (COBOGÓ).
Share on facebook
Share on twitter
Share on whatsapp