Livremente inspirada em vários cantos da Eneida, de Virgílio, “Eu carreguei meu pai sobre meus ombros” narra, à maneira de uma epopeia, a trajetória de Roch, um homem pobre que acaba de descobrir que está com câncer e a quem só resta um mês de vida. Estamos em novembro de 2015, na madrugada dos atentados ao Bataclan, em um bairro da periferia de Saint-Étienne, em Paris. É quando Roch dá a notícia a seu lho, Énée, a sua namorada, Anissa, e a seu amigo de toda a vida, Grinch, dizendo ainda que gostaria de viajar a m de morrer em uma região distante, ou por ele desconhecida, negando-se a começar um inútil e sofrido tratamento por quimioterapia. A fábula, ao mesmo tempo cômica e desesperada, traça de maneira comovente a jornada de um quase moribundo rumo a um lugar imaginário. Mais que da morte em si, a peça fala de amizade e humanidade ou, ainda, segundo as palavras do autor, “de aceitação da vida, plena desta energia inerente ao desespero”.
Sobre o autor Fabrice Melquiot (Modane, 1972) ganhou o Prix Théâtre da Academia Francesa em 2008. É um dos autores mais profícuos de sua geração: escreveu mais de cinquenta peças, todas publicadas pela editora Arche. Traduzidos em várias línguas, seus textos são muito encenados na França e em países como Alemanha, Grécia, México, Estados Unidos, Chile, Espanha, Itália, Japão, Canadá e Rússia. Sabendo captar sobretudo as aspirações da juventude e da adolescência, sua escrita é um canto de amor pela alteridade, no qual as descobertas se impõem com força e energia. Desde 2012, é diretor do Théâtre Am Stram Gram Genève – Centre International de Création et de Ressources pour l’Enfance et la Jeunesse. Entre suas peças mais notáveis estão Le diable en partage, Marcia Hesse, Page en construction e 399 secondes.
Tradução Alexandre Dal Farra.