Em “Hoje não saio daqui”, a vida de um grupo de brasileiros e angolanos, que moram no maior bairro popular do Rio de Janeiro, a Maré, é narrada em episódios, numa celebração de música e dança. O espetáculo construído e encenado ao ar livre no Parque Ecológico da Maré é uma criação coletiva da Cia Marginal com Jô Bilac, e tem a dramaturgia centrada em questões como o apagamento da memória de pessoas negras, a homofobia, a violência patriarcal, o racismo e ao mesmo tempo as múltiplas possibilidades de resistência afetiva e política que nascem do convívio com a diferença.
“Aqui, tudo era só mato. Não tinha luz, não tinha gente. Eu gosto daqui… Porque aqui eu tenho sorte. Tantas foram as tentativas de me tirar, remover, matar. Mas nem adianta insistir, me invadir, iludir, porque hoje, HOJE NÃO SAIO DAQUI!”
Sobre Cia Marginal A Cia Marginal desenvolve um trabalho contínuo de pesquisa e prática teatral desde 2005. Sediada na Maré, é hoje referência na cena contemporânea do Rio de Janeiro, com cinco espetáculos no repertório: Qual é a nossa cara? (2007), Ô, Lili (2011), In_Trânsito (2013), Eles não usam tênis naique (2015) e Hoje não saio daqui (2019). Criados a partir de experiências em contextos específicos (favelas, presídios, estações de trens), os espetáculos da companhia problematizam as relações entre centro e margem, desconstruindo narrativas hegemônicas com a inscrição de vozes e corpos periféricos em cena. Eles não usam tênis naique, indicado ao Prêmio Questão de Crítica 2015 nas categorias Elenco e Direção, circulou por mais de 40 cidades em 15 estados brasileiros, além de ter sido apresentado em teatros de Portugal. Em 2014, a Cia Marginal recebeu na Câmara Municipal do Rio uma Moção de Louvor por “representar o engajamento do teatro nos dias atuais” e, em 2019, foi homenageada na ALERJ com o Prêmio Carolina Maria de Jesus de Direitos Humanos.