A Cia. Livre trabalha desde 1999 desenvolvendo uma práxis teatral cujo cerne reside na criação de processos de pesquisa e criação abertos ao público, gerando a participação ativa dos espectadores nos espetáculos, como em Toda Nudez Será Castigada, (2000/02), Um Bonde Chamado Desejo (2003), Arena Conta Danton (2004/06) e Rainha[S] (2008/16). Desde 2006 trabalha na fronteira com a antropologia, realizando estudos teóricos e pesquisas de campo junto a povos indígenas, resultando em processos colaborativos de criação a partir de cosmologias e narrativas ameríndias. O estudo público Mitos de Morte e Renascimento [Povos Ameríndios], dá origem a VEM VAI – O Caminho dos Mortos (2006/09), de Newton Moreno em processo colaborativo com a Cia. livre, a partir de narrativas dos povos Araweté, Juruna, Yudjá, Jívaro, Marubo, Kaxinawá, Tupinambá, Yekuana e Wayãpi. A Antropofagia vira tema e procedimento de trabalho, gerando uma linguagem épica brasileira a partir da releitura do conceito de Perspectivismo Ameríndio. Em 2009 o Estudo Público Teatro e Rito, dá origem à Raptada pelo Raio (2009/11), livre recriação de mitos do povo Marubo. O estudo Público Do mato ao Asfalto origina os espetáculos Cia.Livre Canta Kaná Kawã (2014) e Maria que virou Jonas (2015). Em 2017 inicia o projeto Revoltare, com 5 leituras encenadas de textos de Brecht, além da estreia de Revoltar, de Dione Carlos (2018). Em 2019, a partir de pesquisa de campo junto ao povo Guarani M’Bya, cria o espetáculo Os Um e Os Outros, tema desta conversa, sobre a luta de resistência dos povos indígenas contra as ameaças do atual governo à política indigenista e do meio ambiente.